sábado, 6 de julho de 2013

Pisaram na Bola




    Em um dia, estava apenas informando-me pelos tele-jornais quando surgia apenas mais uma manifestação insossa, esta sobre os ônibus. A passagem estava cara, exorbitante eu diria. No outro, eram incontáveis os milhares de protestantes que tomavam as maiores avenidas das grandes capitais do país. A revolta, tão inocente ao início, combustou-se de tal forma que valeu-se com destaque internacional por mais de 26 outras cidades globais que clamavam palavras de apoio ao manifesto.

    O saldo da revolta logo se tornaria manchete- televisiva e virtual. Policiais atacando de forma violenta os participantes com bombas de efeito moral- que pouco "moral" se mostraram ao explodirem e ferirem milhares de inocentes que gritavam contra à violência; Balas de borracha disparadas à sangue frio em jornalistas que cumpriam suas obrigações, assim como os militares supostamente deveriam honrar a suas- prezar pelo patrimônio público e proteger povo. E para não vitimar a população, a quantidade de protestantes que atiraram pedras e depredaram prédios de instituições que não interessavam à manifestação foi notória. A cidade está um caos: Do lado um governo figurando uma equipe forte mas não opressora(visto que passaria uma imagem degradante frente às mídias internacionais); Do outro o povo, que expressa seu cansaço em ser extorquido por um medíocre gerenciamento do país, ao qual paga-se( e porquê não "pagamos"?) impostos fartos (os maiores do mundo) por uma segurança horrível, uma saúde péssima e uma educação vergonhosa.

    Fosse o movimento restrito a fatos supracitados, pouco se diferenciaria das revoltas acontecidas aos redores do mundo que se imprimem em livros de história. No entanto, existe uma tripartição evidente na massa de manifestantes. A primeira, é aquela que vai às ruas revindicar, de fato, melhorias em todos os âmbitos sociais que caracterizam o Brasil como um país de terceiro mundo; esse é o grupo das ideologias, de cumprir a centenária frase que evoca nossa identidade: ordem e progresso. A segunda, é a massa de pessoas cuja preocupação com as melhorias é tão ínfima que não justifica a realização de uma revolta; esses são os que querem a baderna, os que pouco sabem o que está acontecendo mas querem gritar, mesmo que sem ideais, sugestões de melhoras; não é difícil identificar os mesmos, basta vermos jovens de 13 e 14 anos (salvo exceção) que mal se preocupam com os deveres de casa quanto mais com os manifestos, assim como adolescentes e adultos com idades mais avançadas que, sem embasamento algum, gritam o senso comum, tornando-se parte mais nula do evento. A terceira, e que mais me incomoda, é a massa de oportunistas partidários que se aproveitam de um evento honrado para propagar- talvez, impor- seus ideais para adquirir clientes (não seguidores) na eleição que se aproxima não tão evidente como a Copa.

    A passagem está cara, sim, e quase todas as reclamações são válidas. Mas, enoja-me ver pessoas que criticam ou apoiam a revolução sem saber do que ela se trata. Querem revolução? revoltem-se. No entanto, manifestem sem partidos, sem ideologias impostas, sem enrustidos patrocínios. Que seja uma revolução, antes de tudo, limpa. Levantem a bandeira do brasil, não do partidos; cantem o hino, não as marchas eleitorais. Melhoremos o Brasil, não sirvamos para propaganda. Não pode haver espaço para ela no movimento, pois a revolta já está saturada de propostas que são de maior importância. Concordarei com uma foto divulgada em redes sociais onde, em um cartaz, escreve-se "tem tanta coisa errada que nem cabe em um cartaz". Se não cabe em um papel, imagina em folhetos partidários, então?

- GR